Minha história

Aos meus 30 anos de dermatologia, muito obrigada!

O tempo passou. Na verdade, voou! Em 2020, completo 30 anos como dermatologista. É um grande marco na minha carreira e a sensação que sempre tenho é: “Nossa, parece que foi ontem!”. 

Comparando essa celebração como os casais fazem em um casamento, agora, eu comemoro as bodas de pérola! A minha vontade neste momento é agradecer a cada pessoa que consultou comigo ao longo desses anos. Agradecer a todos que colaboraram com a minha formação e com a minha vida neste tempo.

Acredito que ser escolhida por um paciente dentre tantos ótimos dermatologistas é motivo de prestígio e satisfação. E vários são os motivos da preferência: indicação de um parente, amigo ou médico. 

Também existem pessoas que tiveram empatia com o nome ou pela localização do consultório. Além dos amigos de infância, aqueles que estudaram no mesmo colégio e os parentes e vizinhos.

Sou muito feliz com a minha profissão e com o meu trabalho. Tenho a sorte de ter pacientes simpáticos e pessoas do bem! Quando comecei, a dermatologia tratava as doenças dermatológicas e as cirurgias dermatológicas estavam começando. 

Hoje, a dermatologia apresenta possibilidades impressionantes. São várias especialidades dentro dessa área. Atualmente, tratamos as doenças dermatológicas e também deixamos as pessoas mais bonitas, ajudando a melhorar a autoestima.

Adoro a rotina do consultório, o contato tão próximo é muito prazeroso e as pessoas não tem ideia do quanto aprendemos com essa troca. Costumo dizer que o consultório é a janela do meu mundo, aprendo demais.

Não há nada mais gratificante que uma pessoa sair do seu consultório melhor do que ela entrou. Lógico que não agradamos a todos, não sabemos tudo, mas o importante é sempre procurar fazer o melhor.

>> VESTIBULAR

Medicina: um sonho desde quando eu era criança.

Meu pai tinha uma “brincadeira”: dizia que lá em casa, uma filha “podia” fazer medicina e a outra odontologia. Eu falo com ele que sou a filha mais obediente, pois segui os seus conselhos. Também costumo dizer que da minha boca ninguém escuta “bem que meu pai falou para fazer assim e eu não fiz.”

Escuto muito as pessoas que considero e isso certamente me trouxe vários atalhos na vida. É aquela história do burro, do inteligente e do sábio. O burro não aprende com o erro dele, o inteligente aprende com o erro dele e o sábio aprende com o erro do outro.

Acredito que durante a vida, na medida do possível, devemos tentar aprender com o erro do outro. Me recordo que dia desses, perguntei ao meu pai porque ele dizia aquilo. Ele me contou que achava que a medicina era uma boa profissão para mulheres. Concordo e agradeço o conselho em forma de brincadeira.

>> FACULDADE

Durante o curso, eu gostava da maioria das matérias que estudava. Pensei em fazer várias especialidades, mas quando passei pela dermatologia, realmente, me encantei e achei que seria uma ótima área. Apesar de muito difícil, com um número enorme de doenças, senti que combinava comigo (é a especialidade do detalhe, da paciência e da tranquilidade). Era o estilo de vida que eu almejava!

Eu perguntava aos meus professores o que achavam da especialidade deles: alguns diziam que jamais fariam de novo! Certo dia, encontrei nas imediações da faculdade um mestre de dermatologia, Jackson Machado Pinto, que me disse que com a profissão eu não ficaria rica, mas não seria estressada. Achei que realmente a dermatologia combinava comigo.

Um outro professor, Dr. José Augusto Peixoto Guimarães, me falou que, na vida para conseguir alguma coisa, precisamos de 3 condições: disciplina, disciplina e disciplina. Ainda aconselhou-me que para a prova de residência eu deveria estudar, no mínimo, oito horas por dia, pois o meu concorrente estava estudando seis horas.

Tive que me esforçar. Era (e hoje é ainda mais) uma das especialidades mais concorridas. Em BH tinham apenas quatro vagas para a residência e um número enorme de interessados. E assim foi, durante todo ano de 1987, estudando pelo menos oito horas por dia, contadas no relógio. Valeu a pena cada segundo de dedicação!

>> RESIDÊNCIA

Enfim, entrei na residência da Santa Casa, aonde queria muito. E aquele professor que encontrei, veio a ser o meu chefe, na verdade, até hoje.

Quando cursei a disciplina de dermatologia, dois professores me marcaram de forma especial: o professor Jackson Machado Pinto por seu conhecimento incrível e o professor Francisco Maia por sua visão holística da profissão e o exemplo de relacionamento com o paciente. Tive a sorte de tê-los como preceptores durante a residência. 

Nela, me marcou também a Maria Sílvia Laborne dona de uma memória espantosa lembrando de todos os pacientes e tratamentos realizados, como se fossem poucos…

O Dr. Jackson e a Dra. Maria Silvia me acompanham nestes 30 anos de dermatologia como meus chefes na Santa Casa e na Faculdade de Ciências Médicas, sendo mais que professores, eles são preceptores, amigos e verdadeiros “pais dermatológicos”.

A dedicação do Jackson e da Maria Sílvia à residência da Santa Casa de Belo Horizonte, por mais que 30 anos, é impressionante e eles transformaram o curso em um dos mais conceituados do país. Tenho grande orgulho em pertencer a essa equipe há décadas!

>>SANTA CASA

Sempre adorei trabalhar na Santa Casa. As dificuldades do local são superadas pelas pessoas que trabalham lá: profissionais fantásticos, donos de uma dedicação ao próximo inacreditável. Eles têm uma vontade incrível de resolver os problemas e transformá-los. 

A Santa Casa é um lugar de muitas peculiaridades: para se ter uma ideia, antigamente, alguns dos enfermeiros (antes de trabalharem lá) foram pacientes vindos de cidades do interior, em busca de tratamento, que estudaram e se formaram na profissão.

>> FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

Em 1992, fui aprovada no concurso público para professora de dermatologia da Faculdade de Ciência Médicas de Minas Gerais (FCMMG), onde leciono até hoje. Gosto muito! O contato com o estudante é estimulante e desafiador. Com o passar dos anos, os filhos dos meus professores foram meus alunos e, depois, os colegas dos meus filhos. É incrível!

Desde 2018, sou orientadora da Liga Acadêmica de Dermatologia Clínica e Cirúrgica. Dizem que dei nova alma à Liga e, na verdade, foi a Liga que me deu alma nova. Temos feitos muitos projetos bacanas.

>> MESTRADO

Em 1994, defendi minha dissertação de mestrado pela UFMG e foi outra grande experiência! Foram muito importantes para mim a orientadora Dra. Orcanda Patrus, a co-orientadora Dra. Valéria Passos e meu querido Dr. João Gontijo.

Olhando para trás, nesses 30 anos de dermatologia, só tenho a agradecer aos meus pais por tudo que tenho e sou; aos meus filhos, que são a razão de tudo na minha vida; aos meus professores e preceptores pelos ensinamentos de dermatologia e de vida; aos meus colegas, pelo companheirismo e aos meus pacientes, pela confiança e oportunidade de aprendizagem.

>> LUMINA

Em 2020, completamos 20 anos de Lumina Laser! Tudo começou em fevereiro de 2000 e a princípio éramos 15 sócios, com o desejo de levar tratamento dermatológico com tecnologia para a população de Belo Horizonte e oferecer a possibilidade de outros profissionais da área trabalharem com estas inovações. 

Ao longo desses 20 anos, alguns colegas entraram outros saíram. Hoje, somos 40 dermatologistas e temos 14 aparelhos para tratamento facial e corporal. Na Lumina, tive a oportunidade de aprender sobre uma empresa e tive a satisfação de ter sido diretora-administrativa por vários anos. O que foi de grande aprendizado!